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HERODES, O GRANDE

Caderno Especial - A Vida e a Obra de um Grande Estadista


Herodes
Herodes, aos 25 anos de idade, foi nomeado rei da Judeia por seu pai, o patriarca idumeu Antípatro que na época era o procurador geral de Roma sobre toda a Palestina.  Roma ainda estava mergulhada no caos criado pela recém encerrada guerra civil deflagrada na disputa interna pelo império. Os opositores de Hircano, o então rei de Israel, se aproveitaram  desta situação para tomar-lhe o poder com a ajuda dos partos, inimigos declarados de Roma, instituindo o período asmoneu sobre a Palestina. Herodes então fugiu para Roma. Ali começava sua bem sucedida carreira diplomática. Os romanos queriam ver os asmoneus fora da Judeia e Herodes se mostrou bastante alinhado com estes interesses. Sua nomeação como rei da Judeia foi então sancionada pelo Senado Romano que lhe ofereceu apoio militar para a retomada do reino.


Três anos depois Herodes invadiu Jerusalém depondo Antígono. Ele conquistou rapidamente o respeito  e a admiração tanto de judeus como dos romanos ao livrar a Galileia de vários bandos de assaltantes que assolavam a população. Seus métodos no entanto não agradaram a todos. O STF convocou Herodes a dar explicações pela execução sumária dos meliantes, sob a alegação de que todo cidadão hebreu mereceria um julgamento justo segundo a lei de Moisés. Herodes acatou a convocação da Suprema Corte, mas compareceu ao tribunal acompanhado de um forte esquema de segurança armado, o que foi interpretado pelos magistrados como uma tentativa de intimidação do judiciário. Começava aí uma dissenção entre o executivo e o judiciário que acompanharia praticamente todo o seu mandato.

Suas obras principais

Incontestável é que durante o governo de Herodes Israel como um todo, e mais especificamente a capital experimentaram um dos períodos mais progressistas de sua história. Embora até nisso fosse criticado, por espalhar pelo país construções notavelmente inspiradas nas grandes construções gregas, no que foi acusado de helenizar excessivamente a nação.

A principal obra é sem dúvida a reconstrução do Templo de Jerusalém juntamente com a Colunata de
Salomão. Seguramente se não for a maior, figurará entre as maiores obras arquitetônicas deste século. Ainda em Jerusalém ele modernizou o sistema de distribuição de águas e esgoto. Além do Templo, o rei construiu o palácio real, a fortaleza de Antônia e mais três torres especiais demarcatórias dos limites da cidade. Fundou a cidade de Cesareia onde se destaca seu moderno porto que trouxe um grande progresso econômico para a região. Construiu também Antipátride, uma cidade planejada, construída em honra de seu pai. Reformulou e modernizou as cidades de Damasco, Samaria e Jericó, onde construiu um suntuoso palácio de inverno.  Construiu ainda a imponente Fortaleza de Massada.

Confesso admirador da cultura e dos esportes romanos, contribuiu com sua difusão entre nós construindo anfiteatros em praticamente todas as cidades em que interferiu e um grande hipódromo para jogos em Jerusalém. Tudo isso contribui para a admiração que o povo tem pela pessoa do monarca.


Grande diplomata, teve o apoio político de Roma todo o tempo de seu governo, e mesmo em momentos controversos da história contou com o respeito e a admiração de quem quer que estivesse à frente do Império. Não obstante teve de enfrentar uma ferrenha oposição dentro de Israel, que o acusava de ser um tirano inescrupuloso, sendo responsabilizado pelas maiores atrocidades. Os mais próximos contam que Herodes ria de seus adversários políticos e lhes impingia a pecha de despeitados pelo fato de ele não ser hebreu. Aliás este foi um peso que ele teve de carregar por toda a vida. Parece que as famílias aristocráticas e  os intelectuais de Israel jamais perdoaram o fato de ele ser idumeu e ter chegado ao trono de Israel, não importando o que ele fizesse.

Doença e morte

Ainda é cedo para se afirmar, já que os médicos não divulgaram seus relatórios, mas estimasse que Herodes possa ter sido vítima de seu estilo de vida desregrado, e do comportamento sexual libertino de que foi tantas vezes acusado. Com sua morte Israel entra num período de incertezas que só terá fim quando finalmente for aclamado oficialmente seu sucessor. Em seu testamento ele teria escolhido Herodes Ântipas, mas nós soubemos há pouco por fontes seguras que ele teria alterado seu testamento para favorecer seu outro filho Arquelau.

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